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02/04/2010

CIRCO BRASIL

Bem-vindos ao circo Brasil, um lugar onde a platéia sofre os dissabores e as dores, se esvaindo em sacrifícios para que as estrelas eleitas ao palco usufruam as maravilhas do espetáculo.
Ao povo que a tudo assiste vestido de palhaço, não são fornecidas cadeiras. Ao contrário, lhe mandam andar na corda bamba e efetuar verdadeiros malabarismos para continuar sobrevivendo. Este circo não é para crianças, que se vêem abandonadas, prostituídas, deixadas em filas de hospitais sem atendimento, cheias de dor e sofrimento, prontas para morrer. Largadas nos campos para serviço escravo ou nas ruas pedindo esmolas. No circo Brasil, as crianças não têm vez ou voto, nem sequer tem direito de irem à escola.
Neste circo ao invés de lonas se armam conchavos. Vivemos enjaulados dos animais selvagens que andam livres graças a uma justiça falida, que liberta estupradores, assassinos, pedófilos, seqüestradores e traficantes, deixando-os soltos para andarem ao nosso redor, prontos para roubar o pouco que temos, livres para matar e agredir, enquanto por trás de grossas grades sofremos.
Um circo cujo elenco é formado por senadores, governadores, juizes, desembargadores, prefeitos, vereadores, ministros e deputados, entre tantos outros que têm nas mãos sua parcela de culpa por deixarem um fardo de insegurança, desemprego e doença a uma população onde muitos trabalham como escravos.
Inescrupulosos seres políticos, que em muitos lugares oferecem futebol, carnaval e cachaça, ou quem sabe até mesmo festas baratas (a um custo extremamente caro), para um povo que necessita de emprego, moradia, e melhores condições para viver e poder ganhar o seu pão de cada dia.
Somos a atração que move o espetáculo, enquanto no picadeiro político, hábeis ilusionistas nos enganam, fazendo-nos ter esperanças em suas mentiras com aroma de hortelã, que são vomitadas em cada nova eleição sobre nosso semblante sofrido de mãos calejadas, em uma terra por eles amaldiçoada, porém em nossos corações ainda amada e na qual vivemos sobre o pesado jugo de suas imensas mesquinharias.
É um show de horrores sem fim, em que pagamos para entrar e rezamos para poder sair. São diversas tendas prontas para o pobre povo iludir. Cada uma com uma sigla. Partido disto ou daquilo ali. “Podem confiar”, é o que dizem. “Estamos aqui para lhes servir”. O ingresso custa um voto. É só depositar e conferir. Entrem e alimentem todas as feras que devoram este País.
Antonio Brás Constante